Investir em renda fixa de outro país pode ser um bom negócio?
Bonds são uma alternativa para quem deseja diversificar a carteira de investimentos. Conheça prós e contras da renda fixa norte-americana.
Considerado o tipo de investimento mais seguro, a renda fixa tem regras preestabelecidas, que ajudam o investidor a ter uma noção do quanto ele pode ganhar ao resgatar seu dinheiro aplicado em prazo específico.
Mas para quem deseja arriscar um pouco mais, a renda fixa no exterior, principalmente com moeda norte-americana, pode ser uma alternativa válida.
Em março, a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Ambima) atualizou o Código de Distribuição de Produtos de Investimento.
Nessa movimentação, também criou normas para autorregular instituições que intermedeiam a oferta de serviços no exterior. Aprovadas em 2022, as medidas entraram em vigor nos dias 8 de maio e 5 de setembro, em duas etapas diferentes.
“A diversificação de carteiras nos últimos anos impulsionou o investimento no exterior. Com essas regras, daremos um norte para as instituições e mais transparência e segurança para o cliente que aplica no exterior”, explica o presidente do Fórum de Distribuição da Anbima, Ademir Correa Júnior.
Bonds
Nos Estados Unidos, os títulos de renda fixa são chamados de bonds, constituindo o mercado mais importante de renda fixa no exterior. Atrelados a um governo, companhia ou instituição financeira, os bonds são semelhantes a certificados de depósito bancário (CDBs), títulos públicos e, principalmente, debêntures.
Assim como acontece com a renda fixa brasileira, um emissor capta recursos e remunera os investidores de acordo com normas preestabelecidas.
Normalmente emitidos em dólar, os bonds costumam restituir juros a cada seis meses (chamados de cupom semestral), além de pagar o valor de face no vencimento.
Valorização da moeda
Quando se fala em investir internacionalmente, o primeiro país que costuma vir à mente são os Estados Unidos. Nesse caso, o investidor conta com a proteção de uma das moedas mais seguras do mundo, o dólar.
Outro detalhe é que os juros norte-americanos ficaram entre 5,25% e 5,50% em julho deste ano, algo que não era registrado desde 2001. Essa alta aconteceu porque o Comitê de Mercado Aberto (Fomc) do Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve) decidiu aumentar os juros básicos da economia e, 0,25 ponto percentual.
Além da estabilidade da moeda, o credor é o próprio governo norte-americano – suas notas fazem parte dos investimentos mais seguros da atualidade.
Rentabilidade nominal x real
Ainda que a taxa de rendimento em títulos públicos no exterior seja percentualmente menor do que em títulos brasileiros, ela pode ser compensada pela relação entre a rentabilidade nominal e a rentabilidade real.
O cálculo da rentabilidade real é feito pela subtração do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado, indicador da inflação no período, sobre o valor da rentabilidade líquida – rentabilidade nominal menos os descontos.
Em um país emergente como o Brasil, a inflação pode consumir boa parte dessa renda líquida.
No entanto, quando um rendimento provém de uma renda fixa norte-americana, diante da força que o dólar tem sobre o real, é mais comum que ele supere a inflação acumulada no Brasil, o que garante rentabilidade real na maioria dos cenários.
Diversidade
Outro fator que estimula o investimento no exterior é a diversificação de produtos de renda fixa, com prazos, juros e rentabilidades diferentes. Assim, o investidor pode diversificar sua carteira de investimentos e adequar seus investimentos (incluindo os resgates) de maneira mais estratégica.
Riscos envolvidos
Assim como qualquer investimento, a renda fixa internacional tem suas vantagens e desvantagens. Uma delas é a complexidade tributária, pois o investimento é tributado de maneiras diferentes no Brasil e no exterior. Portanto, o investidor precisa redobrar os cuidados na hora de declará-lo.
Além disso, o investidor pode realizar o câmbio em momentos desfavoráveis ao dólar, o que também compromete seus rendimentos.
Por fim, o investidor precisa analisar se é possível aguardar o resgate até o vencimento. Por mais que haja possibilidade de resgate antecipado, ele pode sofrer perdas.